quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sr. Maia? Está bem abelha!

Já está.
14 meses depois cheguei finalmente ao fim deste enorme desafio.
Qual? Ler Os Maias!

Sei que muitos também gostavam de conseguir tal feito, mas como não sentem forças para isso, eu cá estou para ajudar. Finalmente um resumo de Os Maias que irá subir as notas da disciplina de Português e de Educação Sexual.

Então é assim, comecemos pelo Ramalhete. Esqueçam. A descrição tão pormenorizada daquele espaço só existe no início deste romance, porque Eça de Queiroz queria também cativar para a leitura, decoradores de interiores e toda a restante comunidade gay.

Sendo Eça de Queiroz um grande produtor de conteúdos e de novos formatos, pegou então no Ramalhete e transformou-o num mix Casa dos Segredos & Fiel ou Infiel.
Na altura, como não havia a pílula, os jovens só queriam mulheres casadas. Assim, eles sabiam que nunca seriam pais.
A malta ia para a noite no Ramalhete, aproximava-se, oferecia um copo, uma piadinha para ela sorrir, certificavam-se de que era casada e forró com ela. Enfim, outros tempos.
Neste romance, uma mulher que tivesse relações sexuais com vários homens e não fosse casada, era logo marcada pela sociedade como uma prostituta.

No meio deste contexto de sociedade, Afonso da Maia teve (pelo menos no papel) um filho chamado Pedro da Maia. Pedro encontrou uma mulher 'toda boa' e casou.
Ora, uma mulher que poderia ter sido capa da Playboy do mês de Maia(o) e que passou a ser uma mulher casada, passou a ser uma mulher interessante para muitos mais.
Em pouco tempo teve dois filhos (um casal). Uma vez mais um Maia ficou oficialmente como pai. Com isto, com ou sem o seu ADN, Afonso da Maia já tinha netos, sendo que o mais velho ficou com o nome de Carlos da Maia.
Um dia a mulher de Pedro fugiu com outro, ele não aguentou a dor de corno e matou-se. E assim logo no início da história Eça de Queiroz abateu uma personagem. No fundo Eça de Queiroz fez o mesmo que o autor da novela Laços de Sangue, que logo no primeiro episódio eliminou o actor José Fidalgo. Aliás, se tivesse sido Eça de Queiroz a escrever Laços de Sangue, as irmãs separadas em criança, encontrar-se-iam em adultas e virariam em casal de lésbicas.

A mulher de Pedro (O Corno) fugiu portanto com outro, levou a filha mais nova e deixou Carlos com o avô. Só que Carlos era olho vivo e passou a jogar as regras do jogo. Arranjou um amigo chamado João da Ega e dedicaram-se ao engate de mulheres casadas. Aliás, muitas vezes eram elas atrás deles. E assim foi, farra atrás de farra. Até que um dia Carlos fartou-se e quis algo mais à frente. Como não queria descer de nível e virar-se para as solteiras, virou-se para a irmã.
Perto do fim, alguém conta ao Afonso da Maia que irá sofrer uma redução de 10% da sua pensão e este morre.

Para terminar, falta só mencionar o contexto económico de Portugal naquela altura. Digamos que naquela época o país era governado por gente muito incompetente e estava bastante endividado. Enfim, Eça de Queiroz tinha uma enorme capacidade para imaginar cenários irreais.


Para terminar, comentei com a operadora da caixa 3 do Pingo Doce que demorei todo este tempo para ler esta obra. Ao que ela me respondeu:
- É para compensar outras coisas em que és bastante rápido...