Eh pá, desculpem da cena de ontem.
Eu estava tão fora de mim, que nem disse onde iria estar hoje. Hoje, não devo ir além do destino que tinha pensado.
Perguntam vocês: "E que destino?".
Bem, é um destino que tem alguns toldos.
Eu gosto muito dos toldos. Os toldos dão para descer de manhã, dão para subir à noite, protegem-nos da chuva. Eu não consigo imaginar a minha vida sem toldos.
Imaginem, acordo de manhã e pensar:- Hoje para ser do contra não vou calçar chinelos.
Levanto-me, vou descalço pela casa, piso sem querer um pedaço de telha azul que tenho em casa para amostra (na eventualidade de passar a usar telha azul em vez de pedra-pomes, é que dizem que o azul das telhas, tira melhor o cotão do umbigo), e magoei o pé a valer.
Começa logo mal o dia, demoro a conseguir meter o pé dentro do sapato, o leite sai para fora e cai em cima do meu outro pé que ainda estava descalço.
Se acham que isto é mau, imaginem depois sair de casa, um pé dói quando está no ar, outro quando toca o chão, o vizinho vai levar o cão de cor castanha à rua, o elevador está avariado e as paredes são azuis. A cor das paredes faz-me lembrar que as pedras-pomes são cinzentas e quando chego à rua, para além de ver o cão castanho do meu vizinho, vejo que o céu que deveria estar azul, está também cinzento.
Acham que isto já é mau? Pois, para além disso tudo, chego a mancar de todo ao metro, reparo que as carruagens são cinzentas da cor das pedras-pomes e do céu naquele dia, reparo que os carris são castanhos como o pêlo do cão do meu vizinho que veio à rua, reparo que fatiota do motorista do metro é azul, cor da telha que me magoou o pé (e a cor de que deveria estar o céu), mas o nome da linha, é linha amarela!!!
Porque raio a linha tem como nome a cor amarela? Não encontrei explicação.
Lá segui com esta dúvida o tempo todo até ao trabalho, a manquejar cada vez mais. Chego ao trabalho, patrão mal disposto, ambiente de trabalho muito cinzento, tal como o céu nesse dia e tal como a cor das carruagens do metro. Entra então o patrão na sala, abre a porta, que é castanha como o cão do meu vizinho (e como a cor dos carris do metro), pergunta-me se enviei a última proposta em correio azul (cor da telha, das paredes do meu prédio, da fatiota do motorista do metro e da cor que o céu deveria estar, que na realidade estava cinzento).
Atingi tamanho desespero, daquele desespero que apetece entrar pelo Pingo Doce e mexer em tudo o que é prateleira, desatei a correr e saltei janela fora.
Como não tenho asas, e como nenhum candidato ao Benfica entregou em tribunal uma providência cautelar a suspender a lei da gravidade, caí!
Foi no final desse movimento de queda que algo maravilhoso aconteceu. Caí em cima de um toldo que me salvou a vida!
Quando abri os olhos, não quis acreditar! O toldo era amarelo!
Moral da história: "Tudo na vida tem uma explicação, desde que esse 'tudo' não inclua mulheres."
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